domingo, 29 de setembro de 2013

"Entrego... Confio... Recebo... Agradeço..." - Resenha do livro "Quando chegam as respostas" - Sônia Tozzi


Mais um romance espírita para a coleção de resenhas inspiradas no misterioso mundo após a morte.
Quem diria que fui pega de surpresa ao ler este livro e constatar que os mistérios continuam mesmo depois que vamos dessa para uma melhor. Melhor? Com essa pergunta que inicio esta reflexão e espero fazer jus a obra de Sônia Tozzi, acompanhada e dirigida pelo espirito Irmão Ivo.

No "Quando chegam as respostas", temos a história de Jacira. Desencarnada há algum tempo, ela não consegue entender porque em sua última encarnação viveu de forma desarmônica e agressiva ao lado do marido Josué.

Segundo relatos, a vida não para para aqueles que não vivem mas entre nós. Acordamos do outro lado, entendemos os percalços e os porquês da vida e recomeçamos trabalhando, estudando, se aperfeiçoando e nos preparando para uma nova encarnação de desafios e provações.

Eis que Jacira está no plano espiritual trabalhando no Hospital Maria de Nazaré. Sempre acompanhada de seu instrutor, Jacob (sim, nós temos chefes no departamento de cima), ela entra em contato com diversas histórias, até mais sofridas que a sua e ali, ela passa a ampliar seu conhecimento sobre a vida e as dores de cada um. Nesse meio tempo, o leitor vai através das vivências de Jacira no Nosso Lar, conseguindo entender um pouco mais sobre o que nos espera no momento em que nossos olhos não mais abrirem neste mundo que conhecemos como Terra.

Jacira é altamente comprometida em auxiliar os recém desencarnados da Terra no hospital em que trabalha,  porém vive com os mesmos dilemas que muitos de nós respiramos todos os dias aqui em baixo: a ânsia por obter respostas para tudo. Jacob, sempre muito paciente, lhe explica que tudo na vida possui tempo certo para acontecer e suas respostas vão chegar, porém no momento que ela estiver preparada para recebe-las.

Lendo o livro me peguei refletindo que eu faço esses  mesmos questionamentos todos os dias: Será que se eu fizer isso ou aquilo, vai dar certo? Porque Deus está me fazendo passar por determinada prova? Sou forte o bastante para suportar? O que eu fiz para merecer isso ou aquilo? Porque? Porque? Porque?

Jacira conhece espíritos que foram pessoas muito altruístas até suicidas sem perspectivas de otimismo. Conforme seus dias passam, ela esquece de suas próprias perguntas e passa a se questionar outros "porquês". Os capítulos passam acompanhados de milhares de questionamentos sobre nosso livre arbítrio, porque temos que encarnar diversas vezes, porque pessoas nascem com doenças terminais, porque crianças morrem tão jovens, porque mães sofrem abortos, porque nascemos ricos e outros tão miseráveis, porque conhecemos pessoas que só de olhar sentimos raiva ou ao contrário, um amor imenso. Ela obtém estas respostas ao longo do livro de forma instrutiva, como se estivesse em uma escola. É claro, que o livro passa a não ser uma obra composta de uma narrativa e sim um livro técnico de perguntas e respostas sobre o mundo espiritual. Para quem tem curiosidade em saber um pouco sobre espiritismo, é um livro de fácil entendimento, com perguntas claras e respostas objetivas. Diria que é um básico I para iniciantes nos mistérios da vida após morte.

Mesmo sendo um livro, que por mim foi considerado técnico, me deixou uma lição muito valiosa:
estamos tão preocupados em entender o que se passa conosco que esquecemos que as respostas podem estar no outro, em uma determinada ação, no alçar voo de um pássaro, em uma canção que o vizinho cantarola todos os dias, no sorriso de um mendigo, em uma planta que floresce bem diante de nossos olhos.

Quando Jacira para de olhar para dentro de si e passa a enxergar os porquês que realmente fazem diferença, ela obtém suas respostas de forma natural e espontânea, e é pega de surpresa onde mais questionamentos são feitos: "Porque eu fiz isso?" Parece que os porquês nunca cessam, não é mesmo?

E sabe qual a resposta para isso?

- Não, elas nunca vão cessar. Se um dia, um porque tiver todas as respostas, não teremos mais motivo para viver, morrer e renascer.

Então, conforme o titulo diz: entregue, confie, receba e agradeça os porquês, buscando suas respostas dentro e fora de si, respeitando o tempo imposto para que seus porquês gerem mais porquês (desculpe desanimar, mas vai gerar mais questionamentos, sim).

A refletir: qual porquê de sua vida, você tem a vontade de gerar mais porquês?

Deixo aqui uma frase de Allan Kardec para auxiliar na reflexão:

"Pelas simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo fazem para os obter."

As respostas definitivamente não estão onde desejamos que elas estejam, mas sim, onde é certo para nós a enxergarmos.

Minha nota: 7,5

"Não pense muito em mim. Não quero que você fique toda sentimental. Apenas viva bem. APENAS VIVA" - Resenha do livro "Como eu era antes de você" - Jojo Moyes

Um dos meus programas prediletos aos finais de semana, é tomar uma boa garrafa de vinho acompanhada de papos cabeça e muitas histórias reais contadas por amigos e conhecidos. Neste último sábado, por coincidência ou não, ouvi relatos de falta de dinheiro, medo de se entregar a paixões desenfreadas e muita, muita vontade de viver a vida de uma forma diferente, literalmente sendo outra pessoa.

Foi através desses diálogos que finalmente tive coragem de sentar e escrever sobre o livro que teve a pachorra de me arrancar lagrimas tão sinceras, que quase achei que teria que levar essa reação a um divã, de tão real  e comovente que a história me pareceu. Me desculpem os céticos que acham que chorar lendo livros é um tanto quanto "ser sentimental demais", mas acredito que após ler essa resenha, farei os não tão crentes também proclamarem por alguns sinais de sentimento.

No "Como eu era antes de você", entramos no universo um tanto quanto complexo de Louisa Clark, que com apenas 26 anos não tem para si muitas ambições na vida. Ela mora com os pais, um sobrinho fruto de um caso "não planejado" da irmã mais nova e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Ela trabalha como garçonete em um simpático café em Bishop´s Stortford (uma cidade comercial histórica e paróquia civil do distrito de East Hertfordshire no condado de Hertfordshire, na Inglaterra). Pela cidade, já podemos imaginar que não se tem muito o que fazer por lá, como retrata o livro, há apenas um ponto turistico interessante, o castelo Stortfold, onde fica abarrotado de turistas com suas máquinas fotográficas, arrancando relatos de forma contundente. Louisa namora há 7 anos um triatleta, Patrick, que não parece e não é muito interessado nela, ele literalmente olha o tempo todo para seu umbigo másculo e com 0% de gordura.

Do outro lado do castelo, temos Will Traynor, de 35 anos. Ele é lindo, inteligente, extremamente rico e bem sucedido. Mora em Londres e vive uma vida repleta de aventuras. E quando falo aventuras, é no sentido literal: saltos de paraquedas, nado com baleias, viagens ao centro da terra e por aí vai. Um belo dia Will sai para trabalhar, depois de acordar ao lado de uma belíssima mulher (fato que acontecia com muita frequência em sua vida) e decide que não vai ao trabalho de moto, pois está chovendo de forma demasiada. E pela ironia (ou não) do destino, uma motocicleta o atropela,  deixando-o tetraplégico e com apenas um pequeno movimento na mão direita.

Falando em ironia do destino, após dois anos do acidente de Will, nossa grande heroína desta história é demitida do simpático café, e sem saber o que fazer de sua vida, encontra a oportunidade de ser cuidadora de um tetraplégico, que até aqui, vocês já sabem de quem se trata. É desta maneira que seus destinos são cruzados, e como a própria Louisa gosta de dizer: "essa é a história de duas pessoas que não deviam se encontrar e que não gostam muito um do outro quando se conhecem, mas que acabam descobrindo que eram as duas únicas pessoas no mundo que podiam se entender".

Não é uma história de amor, e sim uma história sobre resgate. Explico o porque:

Will não vê sentido em absolutamente mais nada, tanto que ele possui um plano. Em 6 meses ele irá encerrar com sua jornada de vida, se suicidando por livre e espontânea vontade na Suíça, em um lugar chamado "Dignitas". Sim caros leitores, existe um lugar que permite que em comum acordo e com justificativas plausíveis você pode acabar com sua própria vida. Quando Louise descobre os planos de Will, ela inicia uma jornada intensa a procura de motivos para que ele não coloque seu plano em prática.

Nesse meio tempo, através dos milhares de programas que Louisa leva Will para mostra-lhe que vale a pena ainda viver, nos deparamos novamente com a ironia do destino. É Will na verdade quem ensina Louisa o tempo que ela está desperdiçando não vivendo a própria vida. Descobrimos que Louisa tem sua cota de dor, quando em um dos momentos que considero mais verossímil deste livro, a mesma aborda um estupro que sofreu de 4 homens quando ainda era uma garota.

Esta obra abriga um grande debate sobre o fio tênue entre a vida e a morte. Você é a favor da pena de morte? Se sim, é a favor também da morte compactuada?

Eu admito que fiquei extremamente boquiaberta quando todos da família de Will aceitam sua vontade em se matar na Suíça. Pensei como Louisa: "Que absurdo permitirem algo do tipo". Porém, ao ler o livro passei a enxergar o outro lado da moeda. Como seria viver sem poder tocar a pessoa que amo? Sem poder desfrutar do prazer de fechar os olhos e sentir que tudo dentro de mim funciona de forma completa? De poder andar sentindo a areia no meio dos meus dedos? De abrir os braços e sentir o vento entrar pelas partículas do meu corpo? De poder sentir a pele eletrizar quando alguém me desse um abraço? De poder enxugar minhas próprias lagrimas quando eu esmorecesse? Como é viver a vida sem sentir tudo isso?

Não sei se sou a favor ou não de tal ato (preciso refletir muito ainda a respeito), mas consigo ao menos enxergar 10% dos bons motivos em se desejar algo do tipo. Independente da opinião de cada um, o que mais me chamou a atenção, foi que quem se sentia preso não era Will, apesar de literalmente estar eternamente fadado a ficar naquela cadeira de rodas. Quem é o prisioneiro de verdade, é Louisa. Ela aprende com Will a conclamar ambições, a descobrir do que ela é capaz, a de colocar para fora uma pessoa sedenta por novas sensações.

Will faz a melhor das declarações de amor que vi em meus 28 anos de vida: "Durante algum tempo, você vai se sentir pouco a vontade em seu novo mundo de descobertas. É sempre estranho ser arrancado de sua zona de conforto. Você tem ambição e quem tem ambição, tem tudo. Você apenas escondeu essas qualidades, como todo mundo. Não seja igual a todo mundo".

Se eu pudesse escolher entre ouvir isso ou um "Eu te amo", eu escolheria a primeira opção. Will deu o maior presente que alguém poderia dar a uma pessoa: ele deu a chance de Louisa olhar para dentro de si e se salvar de seus próprios medos. Ele deu a ela a dadiva da vida, em troca ela deu a ele a dadiva da escolha. Eles mais que se amaram, eles se resgataram (eu disse que não era uma história de amor).

Paulo Coelho uma vez disse "Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo."

Depois de ler essa resenha, você ainda acha que o destino é tão irônico a ponto de nos enviar provas para concluir definições daquilo que tentamos ver todos os dias no espelho? Você ainda quer ser outra pessoa?

Quando li esta obra, semeei pelo final, para que eu mesma pudesse entender o que sou e para onde o universo ironiza meu destino.

Minha nota: a máxima que existir.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Os mortos não ficam onde os enterramos" - Resenha do livro "Se eu fechar os olhos agora" - Edney Silvestre

O que falar de Edney Silvestre? Correspondente internacional do jornal "O Globo" e da TV Globo, realizou coberturas importantes como o atentado ao World Trade Center, os furacões na Flórida e na América Central, reportagens no Iraque e tantas outras que marcaram a história do mundo. É muito gratificante ler uma obra tão dinâmica de um autor brasileiro, um "correspondente" de sua própria amada e idolatrada pátria.

Peguei o livro em minhas mãos e me deparei com a capa que carrega uma foto em preto e branco do fotografo Henri Cartier-Bresson. Um menino andando em uma bicicleta, e um título em letras minúsculas que diz "se eu fechar meus olhos agora". Não nego que fui pega de surpresa pela foto e pelo título. Pensei no mesmo instante "Porque alguém iria querer fechar os olhos? Para não encarar uma realidade que se mostra nua e crua, porém real?" "E a foto da bicicleta? É um sinal de fuga?" Nessa hora sabia que aquele livro seria meu e que o leria acompanhado de uma ópera italiana. Não se pergunte o porque, mais garanto que fará mais sentido ao longo da resenha.

A história gira em torno de um assassinato brutal que levou a vida de uma jovem mulher muito bem apessoada. Em abril de 1961, o corpo da mesma é encontrado por dois meninos de 12 anos, largado a margem de um lago, em uma pequena cidade da antiga zona de café fluminense. A jovem é encontrada mutilada, facadas são reveladas em todo o seu corpo e um de seus seios foi cortado e levado como "brinde" pelo assassino. Quando encontram o corpo, os dois meninos, vulgo Eduardo e Paulo, resolvem contar a polícia o que viram e são a principio, presos por suspeita pelo crime. Logo são liberados, pois o marido da vitima se entrega, dizendo que foi ele quem praticou aquele ato hediondo. Os pré adolescentes não aceitam aquilo como verdade e iniciam junto a um velho que mora em um asilo da cidade (Ubiratan, um ex preso politico da ditadura de Vargas) uma investigação a cerca da misteriosa mulher morta e seu verdadeiro assassino.

Nessa hora você deve estar achando que ao ler esse livro, vai se deparar com um thriller cheio de mistérios e soluções a la Agatha Christie. Me desculpem os fãs da escritora, porque eu mesma o sou, passei minha infância tentando desvendar quem eram os assassinos no final de seus livros  (que nunca eram quem imaginávamos), mas neste livro, nos deparamos com um terrível caminho de amadurecimento para a chegada da vida adulta, de Eduardo e Paulo.

Nas investigações, eles se veem frente a frente com mudanças radicais na política do Brasil, os votos sendo praticados de forma democrática, mulheres sendo inseridas na sociedade como papel de importante cidadão, e revelações acerca de um cenário não tão bonito, como a violência sexual, a prostituição, o racismo e a corrupção.

Prepare- se para se enojar com a forma como os negros eram tratados, como meninas de apenas 15 anos de idade eram violentadas com objetos em todos os orifícios existentes, em como as alianças politicas se misturavam em meio a todo esse cenário inescrupuloso e horripilante. Uso dessas palavras porque eu mesma lia as páginas chorando de ódio em imaginar essa realidade, que infelizmente, acontece a rodo ainda nos dias de hoje.

O livro passeia por gêneros distintos: o policial, o histórico e o romance. Retrata de forma dura a essência da sociedade que vivemos. Sim, infelizmente, vivemos no passado e ainda vivemos no presente um racismo bilateral (cor e preferencias sexuais), uma politica repleta de crimes, favores sendo trocados em prol do problemático mais necessário dinheiro, famílias se deteriorando sem ao menos enxergar a realidade que os rodeia. E é nesse retrato que Paulo e Eduardo, com apenas 12 anos de idade, enxergam de forma tão simplória uma equação matemática de difícil solução.

São eles que desvendam sem malicia o verdadeiro autor do assassinato, e acabam levando para suas vidas o aprendizado de que mesmo quando a vida se encarrega de nos empurrar de forma bruta a um acontecimento repentino, ele traz também consigo uma descoberta intima e profunda de quem somos e aquilo que nos importa de verdade. O significado de lealdade, de ética e moral.

Ser ou não ser um astronauta? Salvar o mundo com a descoberta da cura da AIDS?

- "Não, não, eu prefiro ser engenheiro"

São essas as últimas palavras do livro. Palavras estas que me levaram a realidade, assim como com Paulo e Eduardo.

Não vou fechar meus olhos para o que aconteceu ao meu redor, não vou desistir dos meus sonhos, mas vou alcançar o sonho plausível, aquilo que não faça eu deixar de enxergar e vivenciar o que é real, importante e correto para mim. Foi pensando desta maneira, que encerrei a leitura desta obra.

Vou voltar agora para o inicio: para minha vontade em ler o livro ouvindo uma opera italiana. Já ouviram falar de uma opera chamada "A Tosca" de Giacomo Puccini? Nela, encontramos uma atmosfera tensa na politica da Itália. Uma agitação revolucionaria de caráter socialista e anarquista. Mas a historia gira em torno da opção de Floria Tosca em salvar o amado Cavaradossi da morte, em troca de sua dignidade ao atender os desejos carnais do barão Scarpia. Não deixa de ser um romance aterrador, munido de cenários políticos. Essa opera me veio a tona quando percebi o enredo do livro de Silvestre. E pasmem, no livro uma das prostitutas é apaixonada por essa opera e a ouve incessantemente todos os dias antes de atender um cliente.

Coincidência ou eu que preciso também fechar e abrir meus olhos para a realidade que me rodeia?

A se pensar...



Minha nota: 10 com louvor máximo!

Não posso deixar de mencionar que o autor ganhou o tão cobiçado prêmio Jabuti como melhor romance em 2010 por "se eu fechar os olhos agora". Portanto, vale cada minuto despendido ao ler essa grandiosa obra.

Para conhecimento, segue abaixo a opera de Puccini:

Olá amantes de livros,

Espero que estejam bem.

Sei que ando ausente, pois me enclausurei para ler alguns livros.

Esperem que têm muita coisa boa vindo por aí.

Uma imagem para acalentar essa semana fria, porém ótima para ler bons livros...=)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

"Mesmo quando estou feliz, a tristeza fica apenas a um segundo de distância" - Resenha do livro "É agora ou nunca" - Marian Keyes

Uma vez assisti a um filme que a protagonista escuta de um velho rabugento caindo aos pedaços que "Somos aquilo que sentimos". Essa frase nunca mais saiu da minha cabeça, e me trouxe a reflexões sobre o que eu deveria emanar para o universo para encontrar o espaço do meu verdadeiro eu nesse mundo tão vasto.

O livro que farei a resenha, me trouxe de volta a mesma reflexão a respeito dessa frase. Em "É agora ou nunca", temos a história de 3 personagens (Katherine, Tara e Fintan). Para falar dos 3 e associa-los a meu raciocínio, preciso situa-los do porque ser o que sentimos é tão importante para embasar aquilo que julgamos ser a felicidade para nós.

Vamos primeiramente aos personagens:

Katherine não concorda em viver a vida presa a um relacionamento, ela definitivamente não acredita no amor. Claro que ela não nasceu não querendo amar, até onde eu entendo, isso não existe. Ela sofreu uma bela decepção e teve o coração tão partido que "sentiu" que nunca mais deveria abri-lo para mais ninguém. Sua vida se resume a trabalhar, trabalhar e trabalhar e ah, assistir tv a cabo. Já Tara é o oposto, ela "sente" que sua vida só será completa se, se casar antes dos 30 anos. Fintan entra como um homossexual que "sente" a vida de forma intensa e não está nem aí para o que os outros pensam "Qual o mal de sair de casa vestindo rosa e amarelo?".

Os 3 são muito amigos desde a adolescência e cresceram como qualquer jovem, fazendo planos e vislumbrando uma vida, que vamos combinar, só existe dentro da nossa cabeça. Claro que milhões de coisas acontecem que culminam nas consequências que vimos acima na descrição de suas personalidades.

O livro é muito bem narrado, se apega muito as características de cada personagem e você acaba literalmente conseguindo ver em cada um deles um pouco de si. Quem nunca quis sair de casa vestindo polainas, de chapéu na cabeça e chinelo nos dedos? Quem nunca acordou um belo dia e não quis sair do sofá pensando "Mais fácil mudar de canal do que perder meu tempo convidando um cara para sair" ou "Meu Deus, estou velha. Será que meus ovários estão desgastados? Alguém vai me querer mesmo assim?"

Mesmo não estando feliz com a situação que vivem, os 3 acabam se acomodando e aceitando forçadamente o dia a dia, estampando um sorriso no rosto e a reação normal de qualquer conformista "Eu estou bem assim". Até que o destino prega uma peça, subindo ao palco sem pedir licença, e trazendo junto com essa reviravolta um verdadeiro choque de realidade.

Eis que Katherine conhece um cara que mexe completamente com seu sétimo sentido (se houvesse um, com certeza mexeria), Tara percebe que aceitar qualquer um para viver ao seu lado não vai lhe fazer feliz, mesmo que isso não aconteça antes dos 30 anos, e Fintan, bom, ele é arrebatado por um câncer que coloca toda sua auto estima em pauta, fazendo-o refletir se a vida é mesmo para ser vivida de forma tão em devaneios.

Não vou contar se Katherine se casa, Tara vai viver a vida e se Fintan se cura do câncer. Leia e se delicie com os dilemas criados por ambos, e o que eles fazem com as oportunidades que a vida lhes deu.

É aqui que volto a reflexão inicial...se somos aquilo que sentimos, então porque a vida mandou uma doença a Fintan? Porque Katherine conhece um cara surpreendente mesmo não querendo nada disso em sua vida? Porque Tara percebe dentro de si que precisa se amar e fazer o que gosta invés de ficar procurando um marido? Eu respondo...

Porque no fundo não admitimos para nós mesmos as nossas grandes vontades, a liberdade de se assumir verdadeiramente. Já dizia Lao-Tsé que "A libertação do desejo conduz a paz interior".
Se estamos em paz com nossas decisões de como levar a vida, porque sempre tem um vazio que insisti em predominar? O medo de enfrentar os traumas, a pressão da sociedade em julgar nossas atitudes?

É assim que percebi nos personagens que a auto afirmação que eles fazem de si próprios é a mentira mais escancarada que eles fazem deles próprios. Não é se olhar no espelho, é colocar o espelho dentro de você.

A partir do momento que colocamos esse reflexo de nós mesmos para dentro, a parte de fora se encarrega de enviar "provas" para ver se realmente entendemos o recado.

Quem nunca teve essas provas a sua frente e ao invés de senti-las, deixou pra lá, insistindo que "não é o que quero".

Deixo aqui um conselho, que me serviu de lição ao ler esse livro tão espirituoso: Permita-se, por que se não, a vida vai permitir por você!

Minha nota: 10

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

“Como amar de verdade a pessoa que está comigo, se não consigo esquecer alguém que ficou no passado?” Resenha do livro "Ame o que é seu" - Emily Giffin

Quem nunca se colocou na dúvida em relação as escolhas amorosas? E olha que aqui estou sendo bem especifica no tema "escolhas", porque na verdade vivemos em dúvida das nossas escolhas em todos os campos de nossas vidas.

Será que a profissão que exerço é mesmo a que quero fazer pro resto da vida? Será que meus amigos e as pessoas que me rodeiam são as que realmente fazem eu ser eu mesma? Será que devo sair de casa ou ainda ficar sob o mesmo teto que meus pais? Será que pinto o cabelo de claro ou escuro? Será que devo viajar sozinha ou em grupo para descobrir o mundo? Será que devo falar tudo o que penso? Será que devo comer um belo prato de arroz e feijão ou uma saladinha pra manter o corpinho? Será que devo fazer um curso de MBA ou um curso de culinária? Será? Será? Será? Tantos "serás" que já fiquei tonta de pensar. Mais calma, a ideia aqui não é fazer você se desesperar com os porquês e serás da vida.

Comecei o texto desta maneira, porque foi assim que o livro "Ame o que é seu" fez comigo. Fez eu me perguntar se as minhas escolhas estão mesmo de acordo com o que sou, com o que tenho como objetivo de vida e se eu realmente sei quem eu sou.

Neste livro, vemos Ellen, nossa protagonista, se colocar em dúvida se seu casamento com Andy é realmente o que ela sonhou para a sua vida. Como todas as mulheres, ela teve (ou ainda tem) uma paixão não concluída. Sabe aquele cara por qual todas nós vivemos um romance proibido, complicado, cheio de idas e vindas, mais repleto de paixão, tesão, loucura, e tudo aquilo que vemos em filmes e novelas e desejamos arduamente viver? Então, é ai que entra o causador da discórdia, o Leo.

O casamento de Ellen e Andy não parece perfeito, como ele é perfeito. Daqueles estilo propaganda de margarina. Mais por obra do destino (ou não) certa tarde Ellen está atravessando a rua, quando ela avista Leo depois de 8 anos sem vê-lo. Sem conseguir explicar, seu coração saltita e sai pelas órbitas, e ela passa a se perguntar como teria sido sua vida se tivesse ficado ao lado daquele que foi capaz de despertar a paixão desenfreada dentro dela, e questiona se o comercial de margarina vivido todos os dias ao lado de Andy é o que ela realmente quer para si.

Bom, nem preciso dizer que quando nos colocamos em dúvida, natural querer "pagar para ver o que acontece". Bom, e ai é melhor parar para não contar o desfecho da história.

Apesar do livro me fazer lembrar uma fase de minha vida, onde ouvi muitas vezes que viver na dúvida é bom, pois nos permite fazer diversas escolhas e não focar em apenas uma, também me fez refletir que enquanto houver escolha haverá também a tal da dúvida (uma ciclo sem fim). Considero essa a grande lição deste livro.

Um obra um tanto quanto clichê e o final não me surpreendeu, até porque em histórias de ficção temos que ter um final feliz. Mais me fez sim enxergar nas dúvidas e anseios de Ellen, os meus próprios, e perceber que as vezes o que realmente queremos e nos faz completa e feliz está bem ali, debaixo do nosso nariz.

Vem a tona de novo a questão de "se amar e se aceitar". Até que o titulo diz bastante coisa quando fala em amar o que é seu. E o que é seu de verdade? Vamos refletir: você é o que você tem de mais precioso. Porque então não começar por ai? Se Ellen se aceitasse e se amasse, ela entraria nessa dúvida? A paixão não começa dentro da gente mesma? Algo a se pensar a partir daqui...

Já dizia Shakespeare que "Dúvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, dúvida até da verdade, mas confia em meu amor". Se até o poeta dos amores impossíveis disse que é preciso se amar primeiro e depois questionar o amor pelo outro, porque viver na dúvida quando podemos escolher quem ao nosso lado fará esse amor próprio nunca apagar?

Gosto da Ellen, por um aspecto em especifico: ela é fotografa e cheia de ideias bacanas em tirar fotos naturais que expressem o que realmente as pessoas são. Ai volto a refletir: acho que ela se sente bem fazendo isso porque ela mesma não consegue se encontrar e saber quem é. Talvez devessem tirar uma foto dela acordando ou olhando para o nada. Quem sabe assim ela conseguisse enxergar quem é, e não se colocasse mais em tantas dúvidas.

Um livro digamos que bem reflexivo, se você for capaz de sentir o que Ellen sente e não simplesmente pensar "Que mulher indecisa!"

Conselho: dê uma chance a Ellen e tente entender sua profundeza de pensamentos. Querendo ou não, também somos exatamente assim. Até porque, como aprendi sabiamente "Na dúvida, não há dúvida".

Minha nota: 8,0

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar. Tal é a lei" - Resenhas dos livros: "Um Sopro de Ternura" e "Medo de Amar" - Marcelo Cezar

Essa última noite sonhei que estava sentada debaixo de uma árvore escrevendo sobre dois livros espiritas que li a algumas semanas. Ambos do mesmo autor, Marcelo Cezar e seu mentor espiritual Marco Aurélio. Não venho aqui querer "pregar" crenças e muito menos fazer com que quem leia esse texto vire espirita ou passe a acreditar em reencarnação, carmas e tudo que envolve o mundo ainda não palpável e definido após a morte.

Mais tirando as crenças de lado, são dois livros que vale a pena sua atenção. Vou tentar de forma não delinear falar sobre as obras e instiga-los um pouco a querer conhecer este mundo, que nem grandes filósofos conseguiram ou conseguem explicar (ainda).

Um Sopro de Ternura retrata a história de Lilian e Clara, irmãs que perderam sua mãe muito cedo e moram com o pai, um oficial da força pública (vulgo policia militar). O pai acaba se envolvendo com Dinorá, uma ex prostituta sem escrúpulos que deve tudo e mais um pouco a um cafetão. Em paralelo temos a história de Valentina, uma figura ilustre da sociedade paulistana na primeira metade do século, amante das artes e que acabou levando seu conhecimento para que a cultura fosse acessível a todos. Foi aqui que o livro prendeu minha atenção. Eles vivem a época do modernismo e personagens como Tarsila de Amaral, Fernando Pessoa , José de Almada Negreiros e outros tantos que conhecemos muito bem, fazem parte da história. Foi uma verdadeira viagem ao tempo, consegui me ver claramente de vestido longo, corpete prendendo meu corpo inteiro, cabelos armados e perfeitos, um livro na mão e batalhando nas ruas para que as artes, os saraus e as ideias feministas fossem ouvidas por todos. Se eu tivesse que ser um pouco mais incisiva na minha crença espiritual, eu diria que fui uma dama do século passado apaixonada por mudanças, assim como nossa personagem principal da trama.

O livro não gira somente em torno desses personagens que citei acima, existem inúmeros, onde conforme as paginas são viradas, fica claro a relação que cada um tem com o outro e os porquês de estarem juntos daquela forma, vivendo aquela vida. Muitas reviravoltas acontecem, como toda boa história. O livro é bem escrito e bem encaixado, onde nenhum nó se desfaz para entendermos como tudo na vida espiritual é explicado e pré definido antes da reencarnação.

Já no "Medo de Amar", temos a história de Maria Lúcia, uma mulher que só pensa em dinheiro e quer se dar bem na vida, a qualquer custo e circunstância. Claro que como qualquer boa narrativa, temos a irmã "do bem", que sofre horrores com os mal tratos da personagem principal e acaba sendo torturada numa época onde a ditadura militar não media esforços para encontrar culpados do próprio erro de uma falta de democracia ética.  Também repleto de personagens, que ao final se encaixam como uma perfeita luva para uma perfeita mão.

Porque eu quis fazer essa resenha com os dois livros? Primeiro que ambos tem uma lição em comum para passar: a batalha para vencer o egoísmo e a ganância, e o aprendizado de que a felicidade é um estado de alma, conquistada dia após dia. E sim, nossos atos geram consequencias, podem não gerar na vida terrestre, mais uma hora seremos cobrados a respeito delas. Não tem como fugir, meus caros...

Os cenários de ambos os livros são fascinantes do inicio ao fim: modernismo no "Um Sopro de Ternura" e a ditadura militar no "Medo de Amar". Não tem como não se envolver nas duas histórias e ser transportado para uma realidade que muitos viveram. Realidades assombrosas sim, até indignas, eu diria, porém realidades.

E qual a lição afinal, mesmo para aqueles que não creem na vida após a morte? Bom, se você não crê no nascimento, na morte e no renascimento da alma, eu deixo uma frase para reflexão: "Se acredito na vida após a morte? Não sei nem se acredito na vida antes da morte! Acho que acredito na morte durante a vida". Estaria eu embaixo da tal arvore escrevendo sobre vida após a morte enquanto vivi, morri ou renasci?

Conclusão dessas leituras edificantes: nada é mesmo por acaso!

Então, não vamos ter medo de realizar ações, pois elas trazem consequencias, e são através delas que aprendemos aquilo que queremos e não queremos para nossas vidas. E se não for aquilo que queremos, ainda teremos a chance de em outra vida mudar a perspectiva. Então, que a vida seja feita de escolhas: escolha sorrir, chorar, sofrer, cair, levantar, ser ruim, ser bom, ajudar, buscar, e aqui cabem todos os verbos que vocês quiserem, até porque foram vocês que escolheram passar pelo o que estão passando agora.

Estão preparados para entrar nesse mundo doido de se auto entender?
Aconselho então, a separarem umas horas para entrar no universo dos livros espiritas.

Finalizo aqui com imagens que fizeram parte do meu sonho, o inicio para que eu escrevesse afinal tudo isso:

Minhas notas: 9,0

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Por um mundo mais cheio de histórias!


Sobre que obras vocês gostariam de ler aqui no blog?

Mandem sugestões!
Vamos ler!

"Chegará uma época em que não restarão seres humanos para recordar que alguém sequer existiu. Não sobrará ninguém nem para recordar Aristóteles ou Cleópatra, quanto mais a ti" - Resenha do livro: "A culpa é das estrelas" - John Green.

Como começar a resenha de um livro que fui capaz de ler em apenas 1 dia?

Tudo bem que ele têm apenas 283 páginas, mais é um livro com tantas citações fantásticas e uma viagem a uma realidade que eu, por exemplo, graças a Deus, desconheço. Explico o porque...

A história é narrada por Hazel, ela tem apenas 16 anos e é uma paciente terminal de câncer. Ela vive carregando um cilindro de oxigênio preso ao seu nariz e sua cabeça para baixo e para cima, pois só assim consegue respirar. Na verdade, ela vive muito bem, obrigada, a não ser pela culpa que carrega em relação aos seus pais, sempre muito preocupados e que vivem a vida a disposição das necessidades da filha. Ela pensa o tempo todo como será quando ela partir, porque de fato, ela sabe que irá partir.

Tudo muda quando ela conhece o tal do Augustus, que por incrível que pareça, é um príncipe encantado todo errado, daqueles que toda mulher sonha em conhecer um dia. O bad boy falastrão, com um sorriso torto e sexy na cara, um jeito brincalhão sem deixar de emanar inteligência. Ele tem apenas 17 anos e também tem sua cota de sofrimento, já que perdeu uma das pernas por conta de um câncer nos ossos.

Até ai, você que está lendo, já imaginou a ocorrência da história. Sim, eles se apaixonam perdidamente e enlouquecidamente. Aqueles romances típicos "água com açúcar", ainda mais se tratando de dois adolescentes. Mais é aqui, que a graça reside. Apesar de serem adolescentes, na flor da idade, onde a paixão predomina a razão e onde os sonhos fazem parte da realidade, é que encontramos dois adultos, muito mais cientes das perdas e ganhos da vida, o porque do sofrimento existir e ter que fazer parte do nosso dia a dia, e como encara-los para conseguir respirar o verdadeiro ar, o de querer viver, dar valor a pequenas coisas, como um piquenique sentado na grama cheio de formigas.

Eis uma das citações deste livro que vem do próprio Augustus: "Aparentemente, o mundo não é uma fábrica de realização de desejos." E não é mesmo, meu caro e amado Augustus.

Neste romance, fica claro para mim, que nem tudo que desejamos e almejamos acontece, mais a dor está lá para ser sentida. De que adiantaria existir o amor, se a gente não for capaz de senti-lo? E a dor? Não seria na mesma proporção? E sem a dor, poderíamos reconhecer o prazer?

A grande lição que tiro desta obra é: o amor leva a dor e a dor leva ao amor. Então, nesse pensamento, Hazel e Augustus sentem juntos o que é um e o que é o outro, o que é ganhar e perder. Eles sentem isso tão juntos e tão intensamente, que qualquer leitor, adolescente, adulto ou na flor da idade da velhice, vai sentir também. Você é transportado para o universo do conhecer aquilo que já deveríamos nascer sabendo. A dor faz parte da vida!

O bacana é que eles sentem isso através de algo que me identifiquei muito. Adivinhem? Um livro! Sim, isso mesmo. Hazel lê muito e é aficionada por uma obra chamada "Uma aflição imperial" (obra fictícia criada para a história). Ela sonha em conhecer o autor do livro e fazer perguntas ao mesmo, já que  o livro não tem um final. E como na vida de Hazel, ela possui a necessidade de saber o desfecho de sua história Tudo na vida é mesmo uma metáfora. Os dois embarcam em uma jornada atrás do autor da obra misteriosa e aprendem juntos que nem tudo necessita de uma resposta.

O final surpreende, pois você passa as páginas imaginando um desfecho e ele é completamente diferente do que vocês agora devem estar pensando. Ele começa um livro que tem tudo para ser clichê e torna-se a poucos minutos de acabar em uma verdadeira lição de vida.

Os personagens que acompanham essa jornada dos dois são fortes e imprescindíveis para a história ser tão bonita como é. A mãe de Hazel é uma verdadeira guerreira, daquelas que você pensa ao ler "Se um dia eu for mãe, quero ser assim" e o melhor amigo de Augustus mostra o quão é importante amar: - "Mas eu acredito em amor verdadeiro, sabe? Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos nem que possa evitar ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo menos até o fim da vida da pessoa."

Para nossa alegria, o livro vai virar filme. Com autores desconhecidos do mercado cinéfilo (até prefiro assim, para dar mais veracidade ao drama), deve estar nas telas apenas em 2014, mais até lá, aconselho a todos ler esta pequena obra, que encanta conforme as páginas são viradas.

Pra mim foi mais um livro que me fez ter a certeza de que a dor existe e sempre vai existir, mais somos nós que vamos escolher se ferir ou não neste mundo e que é possível sim, escolher quem vai nos ferir. Aceitar as escolhas, esta é a grande lição deste livro!


Minha Nota: 9,5

"O que quer que aconteça amanhã, tivemos o hoje. A não ser se nos encontrarmos no futuro" - Resenha do livro "Um dia" - David Nichols

Vou iniciar minha primeira resenha com um dos livros que mais me surpreendeu esse ano (pelo menos, até agora).

Estava eu, passeando pela livraria, quando me deparo com essa imagem abaixo. Admito que sou levada a escolher livros pela imagem e a chamada principal. Como boa publicitária, acredito eu, aprendi que "A imagem diz tudo" e com um simples apelo emocional captamos o interesse das pessoas em adquirir o nosso produto. Voilá, fui captada pela imagem de dois jovens aparentemente muito apaixonados e um título breve porém muito significativo "Um dia". Na hora pensei: "É uma história de amor, que pelo visto não segue os modelos de Nicholas Sparks". Explico abaixo:


Veja bem, quem sou eu, uma eterna romântica que ainda acredita em príncipes e princesas e um "Happy Ending" para todo mundo, falar mal de Nicholas Sparks. JAMAIS! É que os livros dele tem me cansado um pouco a imaginação no quesito "Todo mundo acaba feliz". E a vida real, onde fica?
Por isso que me interessei pelo título desta obra e fiquei tão fascinada pela história.

Vamos lá: a história é sobre Emma e Dexter. Eles se conhecem no dia de suas formaturas na faculdade, em 15 de julho de 1988. Conforme você ler cada capítulo, você será transportado para os anos 1989, 1990, 1991 e assim por diante, sempre na mesma fatídica data: 15 de julho. Data esta que serve para contar a vida de ambos ao longo de 20 anos.

O bacana é que você vivencia os diversos momentos dos dois em várias fases de suas vidas. Fases essas que me vi facilmente nos mesmos dilemas e anseios, e fases que sei que vou viver os mesmos dilemas e anseios. No decorrer do livro, você não entende da onde foi criado esse laço que os une por 20 anos, sendo que cada um segue um caminho e possuem objetivos de vida bem distintos. Mais é a 5 capítulos de acabar o livro que você é surpreendido por um acontecimento daqueles de você ficar encarando o livro por 5 minutos e pensando "WTF????" e daí passar a entender como tudo começou.

Muito bem narrado e com personagens fortes, principalmente Emma, como sempre, uma guerreira no formato feminino e que ama ler (como não se apaixonar por ela?). Inteligente, sagaz, sempre com uma resposta na ponta da língua. Ela quer mudar o mundo, mais percebe que a única coisa que ela têm que mudar é ela mesma. Simples e um soco de realidade daqueles bem dados. Ler sobre Emma, me fez enxergar que 20 anos não são nada quando não temos 5 minutos com nós mesmos.

É sim uma história de amor, espere por isso e algumas lágrimas, caso você for um ou uma eterna romântica como eu, mais prepare-se para ser altamente surpreendido por reviravoltas inimagináveis, daquelas de fazer você pensar na sua vida daqui a 20 anos de uma forma simples e pesarosa. Se hoje me fizerem a pergunta que todo mundo já deve ter ouvido uma vez uma vida: "O que você se vê fazendo daqui alguns anos?" eu responderia "O que quer que aconteça amanhã, tivemos o hoje".

Não posso deixar de comentar sobre alguns cenários desse livro, que são de chorar de prazer: Inglaterra, Escócia e minha amada e adorada França!

Depois de ler o livro e pesquisa-lo na internet, fui descobrir que em 2011 gravaram um filme baseado no mesmo. Ele leva o mesmo título "One Day" é dirigido por Lone Scherfig e estrelado por Anne Hathaway e Jim Sturgess. Como sempre, o livro é melhor que o filme, até porque, contar 20 anos da vida de duas pessoas em um filme de 107 minutos não é tarefa fácil. Mas vale a pena pelos cenários e pela maravilhosa trilha sonora, que não me canso de ouvir e dançar de olhos fechados com um bom copo de vinho nas mãos, porque vamos combinar uma coisa: Europa e uma história de amor combinam demais com um cálice de vinho tinto.

Para vocês de deliciarem como eu, segue a trilha sonora principal do filme:

Eu gosto muito de adaptações de livros em filmes, porque conseguimos enxergar exatamente como um outro alguém foi transportado para o universo daquela história. Claro que como disse anteriormente no meu último post, nunca imaginamos a mesma coisa, mais foi ótimo poder vislumbrar em imagens o que eu imaginei sendo a belíssima história de Emma e Dexter.

Para finalizar, deixo aqui a frase mais singela e bonita desta obra:


Minha nota: 10 com louvor!

O Inicio

Olá! Não sei nem para quem estou falando "Olá", mais preciso começar de algum lugar.

Meu nome é Milena, tenho singelos 28 anos e muitos pensamentos, ideias, sonhos e contos para NÃO dividir comigo mesma. Por isso que resolvi criar esse espaço para colocar para fora, talvez algo que deveria ter sido posto para fora há muito tempo.

Minha grande paixão e vicio é ler, ler e ler. Por isso quero utilizar esse espaço para fazer resenhas de livros, e colocar um pouco da minha opinião sobre o que leio, penso e repenso quando mergulho em uma história contada por alguém que como eu, começou de algum lugar.

Não tenho expectativa de que minha opinião sobre livros será levada a ferro e fogo por leitores aficionados como eu, mais vale a pena arriscar, até porque vivemos em uma democracia e nada mais justo do que eu poder colocar minha visão das coisas através da escrita, que na minha opinião é uma das formas mais bacanas de se expressar. Nela o leitor fica apenas imaginando como seria ouvir aquilo e como o portador da mensagem estaria se comunicando verbalmente: estaria ele com os braços cruzados, gesticulando como um italiano fervoroso, de pernas cruzadas, olhos baixos ou olhos vibrantes de excitação?

Essa é a graça de ler, cada um é transportado para um outro universo, do jeitinho que a gente quer que ele seja, e você que está lendo (espero que esteja mesmo), deve estar imaginando: ela está sorrindo, usando óculos, de pernas cruzadas, sentada ereta em uma cadeira, de cabelos presos ou soltos, ouvindo uma musica ou no repleto silêncio?

Por isso que apelidei esse espaço de "Um Universo para chamar de meu", porque ele é meu e só meu, do jeito que eu imagino quando me delicio com meus pensamentos ao ler e sorrir sozinha imaginando aquele mundo que pode ser da cor que eu quiser, com o cheiro que eu quiser e da forma que eu quiser.

Bem vindos!  E se eu tiver que deixar um único conselho a partir daqui é: Viaje comigo e conte você um sonho também!