segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

"Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço." - Resenha do livro "Uma Curva no Tempo" - Dani Atkins

"Algumas amizades resistem a qualquer distância, separação ou negligência."

É falando sobre amizade que começo a resenha do único livro escrito por Dani Atkins. Tudo se inicia quando nossa protagonista Rachel, está prestes a se separar dos seus amigos depois do fim do ensino médio. Ao todo, seus amigos formam um grande grupo que se conhece a muito tempo, e assim compartilham muitos momentos juntos. 

Rachel e Jimmy além de vizinhos, são melhores amigos desde pequenos, o que fez com que sempre se sentissem muito a vontade um com o outro. Além de Jimmy, Rachel namora Matt, que também faz parte do grupo de inseparáveis amigos, mas é em Sarah que Rachel têm sua melhor amiga. Cathy, a amiga do grupo que mais se parece uma modelo de passarela de tão linda, se junta a Phil e Trevor para fechar este grupo tão seleto de amigos. 

 Perto de se separarem para encarar a vida universitária, este grupo de amigos marcam de jantar juntos em um restaurante no centro da pequena cidade de Great Bishopsford. Em algum momento entre uma garrafa e outra de vinho, Jimmy convida Rachel para ir depois para a sua casa, dizendo que precisa conversar com ela e lhe contar algo muito importante. Todavia, no que seria supostamente a última noite em que todos estariam juntos, um grave acidente acontece. 

Rachel, que estava sentada na mesa em um lugar muito próximo a janela do restaurante, ouve Matt gritando que um carro a 100 km por hora estava vindo em direção a eles de forma descontrolada. O choque é tão grande que em meio a confusão de todos correndo para salvar suas vidas, Rachel se percebe presa entre as cadeiras que caíram no chão. Neste momento é Jimmy quem volta até a mesa para puxar Rachel e salva-la. Numa inversão de papeis, Rachel consegue se desvencilhar das cadeiras, enquanto Jimmy acaba sem vida, tornando este o começo de uma vida traumática para todos os presentes naquele jantar. 

Passam-se 5 anos e Rachel agora está com 23 anos de idade. Como consequência do fatídico dia do acidente, ela carrega uma grande cicatriz no rosto e dores de cabeça constantes. Sua vida em nada foi como esperado e sonhado em sua adolescência. A perda de seu melhor amigo Jimmy fez uma enorme cicatriz também em seu coração, e por sentir-se extremamente culpada, ela acabou terminando seu relacionamento com Matt na época do acidente, nunca mais voltou a sua cidade natal e também não cursou a faculdade de jornalismo que tanto queria. Seu pai está com câncer e Rachel mora e trabalha em Londres como secretária em um escritório de advocacia. 

A única razão que a leva a voltar a Great Bishopsford é o casamento de Sarah, e nesta visita à cidade, Rachel decide visitar o tumulo de Jimmy certa noite, sozinha. No cemitério ela começa a se sentir mal, sentindo as dores de cabeça de forma muito intensa. Sem sinal no celular para pedir ajuda a alguém, Rachel cai e apaga completamente. 

Quando ela acorda, está em um quarto de hospital com seu pai ao lado de sua cama. Ao abrir os olhos, Rachel percebe que seu pai está completamente bem. Quando nossa protagonista em completo desespero começa a questionar como que o pai se curou do câncer, o mesmo ri e diz que ele nunca ficou doente. Confusa com os acontecimentos derradeiros, a primeira pessoa a visitar Rachel no hospital é seu amigo Jimmy, que agora é um policial na cidade natal. Não chocante o suficiente, Rachel descobre que está noiva de Matt e leva uma vida extremamente bem sucedida como jornalista em uma renomada revista em Londres. Rachel, confusa e diagnosticada com amnésia, passa os capítulos restantes do livro tentando provar a todo custo que aquela vida apesar de maravilhosa, não é a sua verdadeira vida. 

Com Jimmy tentando acreditar na versão de sua melhor amiga, ambos iniciam uma grande aventura para alcançar a verdade, e aquele tão importante assunto que eles tinham a conversar depois do jantar de despedida, acontece, e o livro finaliza de uma maneira completamente inesperada, porém com a mensagem de que o tempo é mesmo o nosso melhor amigo, afinal de contas. 

Por ser o primeiro e único livro da autora, Uma Curva no Tempo tem um bom desfecho, um tanto quanto surpreendente e nada clichê, mas ao final esta obra nos deixa uma bela reflexão sobre escolhas, sobre como optamos por viver perante os acontecimentos da vida, e o que fazemos quando a mesma nos dá uma nova chance de mudar. 

Existe algo com que mais convivemos em nossas vidas do que escolhas mal feitas? Todos nós, desde cedo, aprendemos a conviver com os erros que cometemos e com as consequências que os mesmos nos trazem. É através deles que aprendemos a distinguir o que é certo e errado para nós, o que podemos ou devemos fazer. É através deste eterno aprendizado, entre erros e acertos, que moldamos principalmente o nosso caráter, que aprendemos a viver uma vida plena. 

Todo acerto nos eleva, como todo erro nos ensina. Independente de como, a verdade é que todos merecemos uma segunda chance. 

Não importa onde paramos. Em que momento da vida nos cansamos. O que importa é que sempre é possível e necessário recomeçar. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida, e o mais importante, acreditar em si próprio de novo. Sofrer é aprendizado. Chorar é limpeza de alma. Sentir raiva do outro é para que um dia possamos perdoa-lo e nos sentir leve novamente. Sentir-se só é quando fechamos todas as portas para as possibilidades. Acreditar que tudo esta perdido é uma chance de iniciar uma melhora para a nossa vida. A hora de iniciar é sempre agora, de encontrar prazer nas coisas simples.

O tempo pode nos trazer uma pequena curva em nossa história que nos faz pausar e ir mais alto, sonhar mais alto, querer o melhor independente de como a vida até então nos levou a viver. 

O protagonista desta história não é Rachel e seu grupo de amigos, mas sim o tempo, a curvatura que ele usou e usa sempre para nos dar uma única lição: Nós somos seres apaixonáveis, sempre capazes de amar muitas e muitas vezes. Afinal de contas, nós somos o amor. E quando temos amor, podemos sempre recomeçar. 

Que tal todos pararmos de olhar apenas a linha reta que está sendo a nossa vida até então, e nos permitir fazer uma curva para a direita ou para a esquerda, e enxergar de um outro angulo como podemos fazer novas escolhas?

O fim da estrada só existe para quem não percebe o recomeço constante dela. 

Minha nota: 8,5

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