domingo, 24 de novembro de 2013

Qual seu livro favorito?

Olá amantes da leitura,

Já estamos quase chegando ao fim de mais um ano, e eu gostaria de saber de vocês, qual foi o livro que vocês mais gostaram de ler esse ano? Pelo menos, até agora.

O bacana de dividirmos esse espaço com nosso livro favorito de 2013, é que podemos incentivar outras pessoas a ler o que ainda não tiveram a oportunidade de ler e também conhecer um pouquinho mais do gosto de cada um...e claro, me ajudar com dicas de leitura para o blog.

Eu vou deixar aqui, o livro que mais me marcou este ano: Um dia de David Nicholls.
Que alias, foi a primeira resenha que fiz neste blog, que também nasceu este ano!

Conto com a participação de vocês!

Abraços a todos e boa leitura!

"O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira, dos erros e das traiçoes. Morre de doença e das feridas, morre de exaustação, das devastações, da falta de brilho" - Resenha do livro "Tramas que a vida tece" - Elizabeth Marra

Engraçado como a vida capricha na hora de tecer suas tramas. Ler este livro começou com um destes caprichos que gosto de apelidar de "excêntrico".

Sabe aqueles momentos que você conhece pessoas que logo simpatiza, mas por obra do dia a dia acaba não estabelecendo um contato mais forte?

Eis que por ironia do destino, neste ano, fiz uma viagem com o objetivo de resolver uma dúvida de cunho pessoal e nenhuma das pessoas do meu meio mais presente pode me acompanhar. E acreditem, eu precisava de companhia. De repente me vi fazendo um convite a uma destas pessoas que conheci em um momento da vida.

Nasceu desta viagem, a construção de uma amizade fortificante e bonita, e novamente, pega de surpresa pela vida, esta caprichosamente me colocou frente a frente com o ganho que considero mais precioso hoje em dia, a amizade.

 Fui angariada pelo presente de poder ler e fazer a resenha deste livro, que pertence a autora Elizabeth Marra, mãe da minha mais nova amizade.

Vamos ao livro: Tramas que a vida tece conta a história de Luiza. Uma psicologa que enfrenta muitos desafios para se tornar bem sucedida e realizar seus sonhos pessoais. Luiza possui uma família unida, composta por dois irmãos: Rui e Raquel.

A trama começa com uma tragédia de já deixar os leitores sem fôlego: Rui é piloto de avião e sofre um acidente que acaba matando sua mulher grávida e o deixando preso a uma cadeira de rodas pelo resto da vida.  Raquel, por sua vez, também tem sua dose de tragédia, conhece o homem de sua vida, porém o mesmo assume a culpa pelo assassinato que sua mãe cometeu a um político envolvido em um escândalo social.

Porém o foco do livro é Luiza. Ela trabalha em um hospital e conhece o também médico Augusto, um homem competitivo, que não mede esforços para conseguir o que quer, e não suporta ouvir a palavra "não" de qualquer tipo de pessoa. Eles acabam se envolvendo e Augusto brinca com os sentimentos de Luiza, fazendo-a se apaixonar e não ser correspondida. O que Augusto não espera, é que Luiza não vai cair em sua armadilha por muito tempo, e o jogo ironicamente se inverte, fazendo com que Augusto faça de tudo (aqui, eu digo, de tudo mesmo) para sair por cima de uma batalha, que na verdade ele mesmo cria dentro de si.

A história surpreendentemente vai sendo contada e os personagens vão se encaixando, de forma a enfatizar, que o capricho da vida é exatamente esse. Qual o motivo de conhecer pessoas? Em determinados momentos achamos que não passam de simples pessoas que de nada vão nos acrescentar na vida, mas que mais pra frente percebemos que elas tinham que estar ali, seja para ser um capítulo a mais e nos ajudar em momentos de aflição, ou simplesmente para no momento certo se tornarem peças fundamentais para contar a nossa história.

O desenrolar da história se dá quando Luiza descobre a paixão reprimida de Jorge, o dono do hospital. Ela fica grávida de Augusto, que por outro lado engana Angélica, uma mulher inocente, porém cega pela paixão acaba colocando a vida de nossos personagens em muito risco.

Não vou aqui acabar com a graça do livro e entregar o final da história, pois como o próprio titulo diz, a vida tece tramas, coloca pedras no caminho, mas o destino é capaz de brincar de formas surpreendentes com a vida das pessoas. E novamente, percebemos que são as pessoas que tecem aquilo que vai nos acontecer de positivo ou negativo na vida.

O título desta resenha traz aquilo que considerei a principal mensagem do livro: o amor não morre de forma natural.

Quando Rui perdeu sua mulher e sua filha ele achou que junto com elas foi para sempre a oportunidade de amar. Quando o amor da vida de Raquel fica preso por tempo indeterminado, ela achou que sua capacidade de amar ficaria presa sem data de expedição. Luiza, Augusto, Jorge e Angélica, lutaram de forma branda e fraca ao mesmo tempo por acharem que não eram dignos do amor.

Porém eu digo, o amor só morre porque não renovamos sua fonte, não cuidamos de nós mesmos, os primeiros coadjuvantes do sentimento. Traímos nossas percepções, deixamos o medo e a insegurança tomarem conta de nossas vidas, e então, aos poucos o amor vai morrendo de exaustação, de falta de coragem.

Mas o engraçado aqui, é que mesmo o ser humano fazendo tudo de forma errônea, a vida sempre nos dá uma chance e coloca bem a nossa frente, aquilo que não somos capazes de enxergar.

Ler este livro, me fez perceber uma coisa: a excentricidade da vida é o que conduz nosso destino.

Parece que recebi um conselho em forma de livro..."Preste atenção a sua volta. Abra seu coração. Permita-se deixar que a única coisa que morra de forma natural é a falta de oxigênio, não a falta de amar, de perdoar os outros e a si mesmo, fazendo com que o amor próprio conduza ao amor ao próximo."

Não poderia terminar esta resenha sem agradecer ao capricho que a vida me deu mais uma vez de forma excêntrica, em colocar em minha vida, mas uma trama que só basta a mim tecer de forma justa.

Minha nota: 10

Obs: O livro não se encontra em livrarias, mas se houver interesse, por favor, falem comigo.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida, já é a própria vida" - Resenha do livro "A Insustentável Leveza Do Ser" - Milan Kundera


Ler um clássico possui um insustentável peso para o leitor. Abri o livro de Milan Kundera com algumas expectativas do que ouvi falar aqui e ali, e me vi grifando frases, fazendo anotações, como se  fosse encarar uma prova de difícil acesso. E não deixa de ser exatamente isso, pois escrever uma resenha desta obra tão polêmica, não é uma tarefa muito fácil. Mas prometo que farei o meu possível para que vocês sintam o que até agora está confuso em milhões de reflexões dentro de mim.

A insustentável leveza do ser (1984) tem o formato de um romance que é desenvolvido através de enredos erótico-amorosos de quatro personagens com personalidades bem distintas. Somado a isto, acompanhamos uma época histórica de extrema opressão em Praga na época de 1968 (o comunismo).

Porém, aqui quero destacar que o romance e os cenários de guerras, são apenas panos de fundo da história. O que Kundera tem como objetivo para esta obra é discutir a relação peso/leveza existente na nossa vida, na dualidade de cada ser.

Vamos falar dos personagens: Tomas é um médico que vive a vida levado por uma leveza extremada. Ele é apaixonado pela busca do prazer, e sai com milhares de mulheres para descobrir em cada uma delas pequenos detalhes que as fazem serem "únicas". Ele não se considera mulherengo, apenas um pesquisador de excentricidades humanas. Devido a um acaso, que é narrado minuciosamente diversas vezes na obra, ele se casa com Tereza, uma mulher simples do interior, que foi a única capaz de despertar em Tomas algum tipo de sentimento. Tereza não consegue ser leve como o marido, ao contrário, ela é muita fraca e sensível, e mesmo sabendo das traições de Tomas, não consegue deixa-lo, pois sua vida se resume a fiel dedicação do ser que ela idolatra como o motivo de sua in(felicidade). O outro casal que compõe a obra é formado por Sabina e Franz, que se misturam nos traços de personalidade de Tomas e Tereza. A leveza de Tomas se repete em Sabina e certas fraquezas de Tereza se repetem em Franz. Além deles, há Karenin, uma cadela que acompanha o casal Tomas e Tereza, e possui um capitulo inteiro dedicado a si. Karenin desmistifica sua história e demonstra o verdadeiro exemplo de leveza/pureza que possa existir.

Agora vamos falar do que realmente o livro se trata: através das histórias dos personagens, a obra nos mostra, como na vida, que tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba revelando um peso insustentável.

Alguém aqui já ouviu falar de memória poética? Existe uma zona em nosso cérebro onde registramos tudo que nos encanta, o que nos comove e o que dá beleza e sentido em nossa vida. Segundo Milan Kundera, o amor começa no momento em que uma pessoa se inscreve com uma palavra em nossa memória poética. Por conta de nossas escolhas ou apenas um acaso que nos leva a tomar determinadas decisões, pensamos que aquilo que nosso cérebro trabalha como forma de poesia, se torna mais cedo ou mais tarde um peso de difícil sustentação. A dualidade mora exatamente ai, dá pra se ser feliz e leve o tempo todo sem certa carga de peso?

Segundo o livro, não. Os opostos andam juntos o tempo todo e o equilíbrio só pode existir se ambos coexistirem lado a lado.

Talvez apenas a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam a condenação do pesado/leve, mas é preciso experimentar, cada um a sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, o constante exercício de reconhecer a opressão e tentar ameniza-la de alguma maneira. Pois querendo ou não, a opressão vai sempre existir.

A velha história de "cada ação, possui uma reação". Tomas se sentia leve sem Tereza, porém quando ela apareceu, a mesma lhe despertou paixão e Tomas não conseguia imaginar sua vida sem ser ao lado da mulher amada, mas esse amor trouxe consigo uma carga de responsabilidade sobre outro ser, uma dedicação que antes não era necessária no seu dia a dia. Sabina se sentia atraída pela aventura e experimentação de novas sensações, mas quando conheceu Franz percebeu que a sensação de segurança falava mais forte, mas não se pode ter tudo na vida, não é mesmo? Tereza queria ser leve, dormir com outros homens como seu marido fazia com outras mulheres, mas carregar a leveza do ato junto com a culpa do mesmo tornava tudo mais pesado. Franz defendia os fracos e oprimidos, mas não conseguia canalizar essa ação dentro de si próprio, e se relacionar com Sabina lhe fazia carregar um peso daquilo que deveria lhe deixar leve.  Já Karenin, por ser um ser puro que se felicita com apenas atos rotineiros, o pesado e o leve acabam se tornando uma coisa só.

Quanta dicotomia, não é mesmo?

Mas vamos nos auto analisar, pois acredito que este livro é nada mais nada menos, que um verdadeiro divã nas analises de nossas escolhas.

O peso/medida de sua felicidade está sendo ditado pela sabedoria de que qualquer que seja o caminho que você escolha, o leve e o pesado sempre andará lado a lado?

A busca incansável pelo leve, nada mais é do que a lei do eterno retorno, aonde um dia tudo vai se repetir tal como foi vivido e que essa repetição ainda vai se repetir indefinidamente. Até porque, por mais que as escolhas mudem, sempre viveremos a mesma situação em cenários opostos (a insustentável leveza de ser e viver).

Quem dera a vida fosse uma peça de teatro, onde antes pudéssemos ensaiar nossas escolhas. Mas a verdade, é que quando ensaiamos pela primeira vez, já estamos vivendo. Dicotomia novamente...

Em 1988, o diretor Philip Kaufman dirigiu a adaptação do livro em filme, que leva o mesmo nome. Vale a pena para ver retratado em imagens aquilo que viajamos em palavras. Mas sem dúvida, mesmo com três horas de filme, o mesmo não supera o livro e todas as reflexões que este se propoe a oferecer.

 Deixo aqui, a frase que mais me marcou no livro e o trailer do filme.

“O seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."


Faça sua reflexão neste momento: Qual tipo de opressão você luta contra, e qual o tipo de peso/leveza você carrega consigo?

Eu já sei minha resposta...

Minha nota: 10 com louvor


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Iniciativas literarias

Olá amantes de livros,

Gosto muito de novidades e resolvi compartilhar com vocês curiosidades interessantes do mundo dos livros.

Aí vão algumas dicas:

Estante Virtual

É um sebo online. Aqui vocês vão achar livros seminovos ou usados em acervos espalhados pelo Brasil. Eles fazem entregas com fretes bem em conta. O bacana é que para cada livro há uma descrição do estado do mesmo (folhas rasgadas, amareladas, escritas e etc). Então você sabe exatamente o que está comprando. Já virei freguesa  e admito que estou viciada. Os olhos btilham quando você se depara com livros a R$ 4,00.
O que mais me chamou atenção: por ser sebo você encontrará reliquias e coleções bem antigas. Pra quem ama livros mesmo!


- Poiesis (Organização social de cultura)

 É uma organização não governamental que, em 2008, recebeu a qualificação de Organização Social (OS) por parte do Governo do Estado de São Paulo, habilitando-se para ser executora de políticas públicas na área cultural. Bem bacana, conta com um projeto chamado "Espaço de leitura". Ao ar livre, são contadas histórias que variam de generos a cada mês. É gratuito e enriquecedor para pessoas de qualquer idade.


- Biblioteca Mario de Andrade

Pertencente a prefeitura de SP, o espaço da biblioteca Mario de Andrade promove encontros de leitores, onde eles tem a oportunidade de dividir leituras, impressões e informações sobre obras literárias, e até uma oportunidade de mostrar seus próprios textos. Funciona como um Sarau, daqueles de antigamente da época do modernismo. Vale a pena!


Essas foram apenas algumas, e vocês, sabem de algum evento bacana? Um espaço voltado para leitura que vale a pena a visita? Participe desse espaço dando as suas dicas.

Os livros só vão sobreviver se nós amantes dos mesmos nunca deixarmos eles cairem no esquecimento. E são através de propostas como as citadas acima que faremos isso acontecer.

Conto com a ajuda de vocês.

Um abraço!

"Você está onde se põe. É a lei da vida. Se você se colocar em um lugar melhor, sua vida mudará e coisas boas começarão a acontecer. A escolha está em suas mãos." - Resenha do livro "Se abrindo para a vida" - Zibia Gasparetto

Certa vez assistindo a um show de calouros, ouvi a seguinte frase saindo da boca de um ex-viciado em drogas: "Onde houver uma chance, sempre haverá uma escolha".

Não pude deixar de lembrar desta frase quando li a nova obra de Zibia Gasparetto. Já imaginei que tiraria uma grande lição deste livro, pois todos os que já tive a oportunidade de ler da autora, me senti assistindo aulas de um professor que se paga muito caro a hora/aula: a vida.

Se abrindo para a vida narra a história de Jacira, uma mulher completamente anulada de suas próprias vontades. Com 38 anos de idade, nunca havia tido um namorado, vive com os pais (uma mãe que finge estar o tempo todo doente para ter a desculpa de não fazer absolutamente nada, e um pai recém desempregado que passa os dias sentado em frente a televisão). Seus únicos dois irmãos, fugiram de casa quando ainda jovens, e há mais de 10 anos sua família não tem sequer noticias de seus paradeiros.

Nossa protagonista é costureira e o pouco que ganha, sustenta uma casa pobre a moedas contadas. Vocês já podem imaginar, que a vida de Jacira não é fácil, e o desanimo, depressão e falta de auto estima fazem parte de seu dia a dia.

Por se tratar de um livro espirita, "nada nos acontece por acaso", Jacira tem uma oportunidade de ouro, que a faz repensar em suas atitudes perante as dificuldades que vive. Eis, que ela descobre no amor próprio a chave para a superação.

Em falar em amor próprio, chego ao ponto chave desta obra. Qual o sentido de se ter tudo, se o que nos falta é o amor principal da nossa vida? O nosso mesmo?

Quando nos abrimos para a vida, descobrimos que a felicidade é o destino de todos, mas os problemas são sempre maiores, as desilusões as mais graves, os tombos os mais doloridos, as decepções as piores que já vivemos e o azar que se condiciona o tempo todo a nos rodear.

Será mesmo?

Voltando ao ex viciado em drogas do começo da resenha. Foi uma escolha dele entrar no mundo das drogas e praticamente acabar com sua vida, mas foi apenas uma chance que a vida lhe deu e ele escolheu dar a volta por cima e enxergar dentro de si que havia uma luz muito mais brilhante e pronta para abrir suas portas para um renascimento interno.

E foi assim que aconteceu também com Jacira, a propria anulação foi a falta de se amar por completo, e quando ela passa a fazer isso, sua vida gira em 360 graus, e o término do livro só vem provar que as coisas podem mesmo não acontecer por um acaso, mas os acasos são exatamente as tais das chances. Porém, fazer esse acaso ser um beneficio, depende de nossas escolhas, e são através delas que nos permitimos encontrar a real felicidade.

Sabe aquela pessoa que do nada entra em sua vida? Ou uma que passou e te disse uma frase que marcou seu dia? Ou um livro que abriu em uma página e te forçou a ler uma frase? Ou então, um acontecimento muito ruim, que mas para a frente se mostrou o motivo de dias melhores?
Preste atenção, porque ali pode estar a sua chance de fazer uma escolha para uma mudança significativa em sua vida.

Está esperando o que? A vida é muito preciosa para ser desperdiçada com escolhas erradas ou a ignorante falta de uma.

Como diziz Sébastien -Roch Chamfort: "É pelo nosso amor-próprio que o amor nos seduz. Como resistir a um sentimento que embeleza o que temos, que nos restitui o que perdemos e nos dá o que não temos".

Para quem ainda não enxergou as chances, indico a leitura como um aprendizado de vida ou uma restituição de como ela vendo sendo trilhada perante suas escolhas.

Minha nota: 9,5

OBS: Deixo aqui o video de Chris Rene, o ex viciado em drogas. Um video que considero gratificante na questão de boas escolhas.